A Graça-limite
Estamos na era do misticismo. Um tempo em que as pessoas estão em busca de novas realidades sobrenaturais e experiências espirituais. Entretanto, há muitas práticas contrárias a Bíblia que podem proporcionar uma experiência espiritual que não procede de Deus.
Para nos proteger, Deus estabeleceu um limite para evitar que sejamos enganados pelo misticismo. Se o ignorarmos, o resultado poderá ser a decepção. O limite é a Graça de Jesus que nos permite o acesso a Deus mediante seu amor e seu sangue derramado na Cruz. A Graça-Limite nos protege da sedução de falsas doutrinas
Em Hebreus 13.9,16 está escrito: “Não vos deixeis envolver por doutrinas várias e estranhas, porquanto o que vale é estar o coração confirmado com a graça (…) Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”.
Não precisamos de práticas místicas e estranhas ao evangelho para nos aproximarmos de Deus: meditação transcendental, mantra, tantra-yoga, cristais, rituais. Podemos encontrar a Deus através dos “meios de graça”: leitura da Bíblia, culto de louvor, escola dominical, culto doméstico, silêncio da oração. Podemos encontrar a Deus até mesmo nas reuniões de confraternização.
Em várias ocasiões, Jesus deixava a multidão e se retirava para orar. Mateus diz que ele foi ao deserto para orar (Mt 4.1). Marcos acrescenta que ele levantou na alta madrugada, saiu e foi orar em um lugar deserto (Mc 1.35).
Descansar a mente e o corpo é importante e necessário para a manutenção da saúde, mas a ideia de que precisamos esvaziar a mente e entrar em um estado alterado de consciência para ouvirmos a voz de Deus é contrária a Bíblia e extremamente perigosa. Jesus nunca disse aos seus discípulos para “esvaziar” a mente para entrar em um estado de comunhão com Deus, mas, sim, para preenchê-la das coisas de Deus: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento (Mt 22.37).
Paulo escreveu contra os supostos “místicos” do primeiro século, que estavam infiltrados na Igreja. Alguns exigiam que os crentes praticassem ritos estranhos ao evangelho. Ele disse que “estas coisas, com o uso, se destroem (…) têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético”. (Cl 2.22-23). “E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz” (2 Co 11.14).
Ele também alertou: “Haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvido à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Tm 4.2-4).
Precisamos tomar cuidado com os movimentos e práticas místicas ligados à “espiritualidade contemplativa” e com aqueles que apresentam “um caminho novo e diferente”. Esses movimentos podem confundir o povo de Deus e desviá-lo de Sua Palavra. A Graça de Cristo é o nosso limite. Ela nos basta (2 Co 12.9).
O autor é professor da graduação e pós-graduação da Faculdade FAECAD, onde também atua como membro do Núcleo Docente Estruturante, Procurador e Pesquisador Institucional (PI). É doutor em Educação pela Universidade Católica de Petrópolis, UCP-RJ, e mestre em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, MACK-SP. Áreas de pesquisa: Ética, Religião e Educação.
Autor: Eurípedes da Conceição
E-mail: reveuripedes@gmail.com